Se há coisas estranhas, a minha vida é uma delas. Bem que podia servir de argumento para um filme trágico-cómico com uma pitada de suspense. Ora um dramalhão de ir ás lágrimas, ora uma comédia digna de registo, sempre comigo no papel principal.
Questões (quase) metafísicas da minha existência:
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Porque é que na minha vida tudo tem que vir aos pares?
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Porque é que os meus relacionamentos nunca acabem normalmente?
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Porque é que quando sai de cena o personagem masculino actual, imediatamente aparece o anterior?
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Porque é que a esperança média de vida de um animal em minha casa é de pouco tempo?
Por muito que me esforçe, esta minha cabeçinha loira não consegue atingir o cerne principal das respostas a estas perguntas, tão misteriosas quanto dúbias. Tenho explicações vagas, teorias formadas em momentos de ócio ou quando o carburador funciona a 10.000 rotações por minuto, o que não as torna lá assim muito plausíveis. De qualquer das formas, aqui vos deixo as respostas ás minhas próprias perguntas.
Porque é que na minha vida tudo tem que vir aos pares?
Dois é a conta que Deus fez. Deus criou o homem e a mulher, o cão e a cadela, o boi e a vaca e por aí fora... O número 2 de facto pareçe ser o número do amor, mas no meu caso, será mais o número do terror.
Sou capaz de andar tempos infinitos elevados ao quadrado pelas ruas da amargura, necessitada de uma palavra de conforto, quiça um piripo animador, um ombro amigo (e musculoso) para chorar as mágoas que não há uma bendita criatura nas redondezas. Assim que conheço uma alma caridosa que me começe a aquecer o coração, é mais que certo e sabido que há-de logo aparecer outra, com o mesmo charme e eloquência. E agora?! Ahhh, pois... Olha, vou lançando o isco e espero e como prova de amor, mando os matar o dragão lá para os confins do meu reino e depois de me apetecer e se estiver num dia bom, logo atiro com a minha trança loira de Rapunzel ao primeiro que chegar.
Porque é que os meus relacionamentos nunca acabam normalmente?
Este é de todos, o grande mistério e o verdadeiro molho de bróculos da minha existência.Isto é de facto, muito triste de se dizer, mas os meus namorados nunca terminaram comigo "humanamente" e como deve de ser. Ainda está por existir a criatura que um dia se chege ao pé de mim e me diga, olhos nos olhos, tromba na tromba, que as coisas têm que ficar por ali mesmo. Num momento estou no maior "in love", depois começo a pressentir a borrasca e no momento a seguir já não sei deles. Onde estão? Onde foram? Como desapareceram? Pareçe que passaram pelo Triangulo das Bermudas e ficaram por lá de férias. As desculpas são sempre as mesmas: que "esta tudo bem", que "não se passa nada" e de um momento para o outro...TCHARAAAAM! entra o David Cooperfield em cena, dá-lhes o chá de sumiço, aquele, o famoso do desaparecimento e os maganos ficam assim invisiveis durante uns tempos. Ou então, metem o rabinho entre as pernas e fogem sem mais demoras, porque o tempo é curto e o laço aperta lhes os gasganetes. Na escola onde os meus "babes" andaram, já eu tirei o doutoramento com aprovação máxima. Mas eu cá acho é que eles não me conseguem é mesmo enfrentar na "hora do adeus". Para além de eu ser uma princesa supermágicabelíssima, eles sabem que não iriam resistir ao azul "aguado" dos meus olhos e ao meu poderoso queixinho a tremer quando faço cara de choro. Logo, para se pouparem a esses dramas e mesmo tendo a consciência pesada que nem chumbo, voltam a enfiar se na lâmpada do Aladino e não há esfregão Bravo que os faça sair de lá.
Porque é que quando sai de cena o personagem masculino actual, imediatamente aparece o anterior?
Mais uma cena macaca que me atormenta os dias. Sinto me como se estivesse na roda do giroflé-giroflá,eu no meio com o meu actual "nóbio" e á volta, de mão dada, todos os meus respectivos ex, á espera da sua vez para meterem a patinha na poça. TODOS eles, incluindo os da lâmpada mágica.
Situação1: Normalmente quando tenho um namorado, damo nos bem. Na nossa vida é tudo florinhas, corações a passarinhos a cantar, tirando uns olhos tirados de vez em quando. Nada perturba a nossa paz. De um momento para o outro, um dos meus ex lembra se de começar a telefonar ou a enviar me sms. Não dizem nada de jeito, a conversa encaixa se sempre no mesmo molde:"olá tas boa?lembrei me de ti, tenho saudades.sabes, és muito especial.bjinhos". Sim, sim. otário chegaste a essa conclusão um bocadinho tarde demais,não achas? O pior é que quando se lembra, na semana a seguir lembra se outro e outro e outro.... O que é isto? Aí tenho o burro nas couves....mesmo! Eu que não tenho culpa dos pensamentos obcecados (e tardios) daqueles anormais, levo por tabela.
Situação2: Tenho o azar(ou sorte) terminar um relacionamento. Até aqui tudo muito bem, a coisa é normal, as pessoas terminam relações desde a criação do mundo, da altura em que a Eva trocou o Adão pela serpente. A minha ex criatura mantem se no silêncio e na penumbra iomenso tempo, ou seja, não sei se está viva ou se está morta. Sinais vitais....zero. Resolvo refazer a minha vida e conheço um sapinho adoravel com muitas probabilidades de se transformar num príncepe. Pois nessa altura(prestem bem atenção!!!) nesse preciso momento o alacrau atrofiado mental do meu ex há de lembrar se de querer regressar, mais apaixonado que nunca e com um bocado de sorte ainda traz a caixa das alianças no bolso das calças. E depois? Depois tem saídas típicas de macho com orgulho ferido:"Quem diria?E logo ela, que dizia que gostava tanto de mim...Bastou passar apenas um ano(!) para já andar com outro.." Mas olha lá, meu calhau com olhos, o teu cérebro atrofiou se ao longo da vida ou já nasceste mesmo assim, emparvalhado de todo? Pois é querido, temos pena, mas isto funciona como nos supermercados:tiraste a senha para a carne e foste laurerar a pevide para a secção dos legumes frescos, agora perdeste a vez! Se queres tentar a tua sorte joga no Euromilhões. Ou então adere ao clube de fãs. Poe te na filinha e espera por um autografo meu...desculpa, como é que te chamas mesmo?
Porque é que a esperança média de vida de um animal em minha casa é de pouco tempo?
Tenho tanta, tanta, tanta pena de dizer isto mas...os bichinhos de estimação na minha maison não duram muito tempo. Porquê? Porquê? Porquê? Pareçe que quanto mais me afeiçoo a eles, mais depressa desapareçem. Nunca morrem de velhice. Nããããoooo....Morrem sempre de alguma macacoa que lhes dá ou então vão comprar cigarros ali á loja da esquina e nunca mais aparecem. O que será que se passa em minha casa? Será que tenho lá algum "buraco negro" que os suga para a 5ª dimensão? Os gatos desaparecem, aos cães dá lhes a floxémia, os peixes rebentam com comida, os canários num dia cantam que se fartam e no outro já estão de pernil esticado, tesos que nem carapaus. Uma vez tive um hamster que teve a triste sina de morrer esborrachado debaixo de um pé nº 44. E eu fico traumatizada, é claro que fico traumatizada...Não é para ficar?!
Mas ainda não desisti de ter mais um animal de estimação. Agora ando á procura de um substituto para o meu "falecido" Kiki. Quero algo fofinho e com muito pêlo que eu possa abraçar e estrafegar sempre que me apetecer. Quando o arranjar, mando o logo benzer e penduro lhe ao pescoçinho um molho de alhos, para ficar protegido. É sempre melhor prevenir. E se este também não durar, olha...adopto uma barata! Alimenta se sozinha, não precisa de ir á rua fazer as necessidades e está sempre em casa dentro do esgoto.