Tudo quanto existe tem um fim. O principio de qualquer coisa é sempre o preludio de um final. Não há volta a dar. E o que é um fim? A mudança de uma situação.
Quando chega a hora de dizermos adeus, não nos resta muito a fazer, apenas seguir em frente. Foi bom enquanto durou? Foi mau? Não interessa. Levamos dentro de nós o resumo do que se passou.
Acho que chegou o meu momento de dizer adeus, eu que detesto despedidas, eu que as apresso e evito, eu que fico com um nó na garganta e um aperto no peito sempre que me separo de alguém ou alguma coisa. Eu que protelo sempre o tal momento e que sou incapaz de tomar essa decisão de cabeça quente. Eu que adio situações inadiaveis porque não sou capaz de ouvir a minha cabeça quando ela tem razão. Eu que não sei dizer "até um dia" e prefiro dizer "adeus". Cortar todas as amarras e seguir. Acho que me começo a despedir aos poucos, lentamente. Vou cortando daqui e dali até que no final, apenas resta o nó mais forte, o mais complexo, aquele que resiste. Mas é inevitavel. Chegou a altura.
Vou guardar todas as recordações no cofre-forte do meu coração e seguir em frente. Há coisas que não têm mesmo que ser. Saio de mansinho, em bicos de pés, como uma amante furtiva ao amanhecer.
Assim custa menos.