Recuso-me terminantemente a ir á praia nos domingos, em que vai o cão, o canario, a avózinha e o seu tricot e mais o peixinho no aquario. Recuso-me a enfrentar multidões enfurecidas que enchem as praias com geleiras cheias de comida (irá o mundo acabar nas próximas horas?) e que quase espetam o guarda-sol e cima de mim. As criançinhas a encherem-me de areia com correrias desenfreadas, outras a levarem uma "lostra" porque não querem sair da água e o berreiro típico. Naaaa.... Prefiro passar os domingos sentada numa esplanada, ir ao cinema ou a ter uma boa conversa.
Hoje resolvi revisitar o baú das minhas recordações. Dei de caras com os meus diários de há alguns anos atrás..."Ora então, vamos cá ver o que temos aqui". É engraçado como facilmente nos esquecemos de algumas coisas. Ao ler aquilo, revivi alguns dos momentos mais engraçados e mais loucos da minha vida. Quase uma tragico-comédia. Como aquele episódio ( que certamente devo ter recalcado) em que andei tanto tempo a imaginar e a preparar um belissimo jantar romântico para uma pessoa muito especial e na hora H, correu tudo pelo pior: a comida saiu queimada do forno, as velas estavam "mancas" e queimaram a toalha e tudo acabou numa enorme discussão por causa de um CD de musica!!! Ou como aquela altura em que terminei com uma pessoa e quando finalmente e começei a interessar por outra, a primeira resolve assumir-se e dizer que sempre me amou... e todas as artimanhas que eu fiz para me "vingar" depois pelos maus momentos que me tinha dado, porque eu quando quero também sei ser muito cabra. Expressões como "reninha amestrada" ou "f.d.p. ignóbil com olhos de boga" fizeram me rir... Foram momentos de muita loucura e boa disposição.
Alegra-me saber que mudei alguma coisa desse essa altura. Que mudei e que aprendi. Por outro lado, tornei-me mais fechada e mais desconfiada. As pessoas mudam, mas apercebo-me que atraio sempre o mesmo género de situações desde tempo imemoraveis. Tenho um dom para me meter sempre em histórias do arco da velha que terminam sempre da mesma forma. COMO É POSSÍVEL?!!! Tenho a teoria de que se atrai sempre o oposto e que as situações são ciclicas até chegar a altura em que cabe a nós quebrar o padrão. A partir daí tudo muda. Por exemplo: as pessoas pacificas e nada controladores atraem geralmente pessoas violentas e dominadoras; as pessoas fieis atraem pessoas cuja noção de fidelidade é um bocadinho diferente; eu, por minha vez, que sou bastante determinada e por norma sei sempre aquilo que quero, atraio sempre pessoas indecisas, que não têm muito bem a certeza dos passos que dão. Querem mas não querem, gostam mas não estão preparados e quando nos fartamos, pomos um ponto final e recomeçamos outra vez, ainda somos as mázinha da fita. Como daquela vez em que um ex-namorado com quem já não tinha nada ha séculos resolveu tirar satisfaçoes comigo só porque me viu acompanhada, a rir e bem disposta com um amigo. Haja paciência.....Como quebrar este ciclo? Não sei e não faço a menor ideia.
Vou continuar a ler o guião da minha novela da vida real. Tenho a certeza que qualquer realizador iria querer adapta-la para cinema..... Vou guarda-la para a posteridade... Tenho a certeza que os meus filhos vão adorar saber que a mãe também teve os seus momentos de loucura!!!