Hoje sinto um poucp melancólica(ao meio da semana dá me sempre a paradinha).
Não sei do meu Kki ha uma data de dias. Para quem não saiba, o "kiki"é o meu gatinho. Na sexta á noite saiu para as curvas e até agora não voltou. No principio não me preocupei, ele faz me destas muitas vezes, mas ja era altura ter voltado para casa. Os piores cenários ja me passam pela cabeça, desde imagina lo fechado num sítio qualquer, a morrer de fome para aí em qualquer canto, despedaçado com as tripinhas de fora numa beira de estrada. Até ja lhe chamo o "meu falecido kiki!"
Nunca pensei sentir tanto a falta de um animal de estimação. Tive muitos quando era pequena, todos do mesmo género e raça, gatitos rafeiros apanhados por aí ao Deus de Ará. Tudo o que tinha pêlos e miava, lá tinham a sina de ir para casa aqui com a boa da amiga. Claro que nas minhas santas mãos, não havia gato bravio que não amolecesse, tais eram as esfregas de mimos que eu lhe dava. Tornavam se todos nuns "passa-moles". O meu kiki não foi exepção.
As pessoas mais religiosas costuma dizer que têm um "anjo da guarda"; outras preferem dizer que têm um "cão de guarda". Eu cá tenho (ou tinha) um "gato de guarda". O abençoado bichinho não me desamparava a loja todas as manhas até eu sair de casa para ir trabalhar. Á hora de almoço, la estava ele, todo estiraçado na cadeira preferida,a saudar me com olhinhos de sono. Nem na casa de banho tinha sossego. Houve uma altura que adorava sentar se ao lado da banheira á espera que eu saisse do banho.
E com a comida?!Nunca conheci animal mais guloso. Bastava ouvir o bater dos pratos e talheres á hora das refeições,para aparecer logo por artes mágicas. Há muitos milagres por esse mundo fora, sem dúvida, mas o que eu mais presenciei foi o "milagre da fatia de fiambre"(Finíssimos Nobre, porque o meu Kiki era um gatinho gourmet). Podia até estar nos "esconso" do inferno, que em lhe cheirando a porquinho fumado e curado, lá vinha ele, todo arteiro.
Costumo dizer muitas vezes que quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais. Ao menos eles são o que são e nao dissimulam. São afaveis, amigos, carinhosos, companhia para todas as horas. Não chateiam, não têm conversas da treta, não têm momentos de crise existencial, não tentam mudar o canal da tv, não se importam se nos quisermos alargar no sofá,a nossa comida é sempre a melhor,squeçem sempre os ralhos e vêm ter conosco quando querem mimos e atenção. O meu animal de estimação era de facto um grande amigo e uma exelente companhia.
Mas como todos os amigos, tivemos alturas em que nos arreliavamos. Ele era teimoso e eu mais teimosa que ele. Adorava esgueirar se para os quartos quando pensava que eu não o estava a ver.Ou para a janela. Ou para a casa da vizinha. Ou para cima da mesa. Quando finalmente lhe conseguia deitar a mão (sim, porque nessas alturas, na altura da asneira, o bicho não andava, VOAVA) dava lhe a costumada ensaboadela. Ele olhava para mim, com a cabeçita de lado, os olhos revirados, a olhar para o ar, com cara de quem não entende nada e de nada tem culpa. Pois, pois, "quem foi que comeu as espetadas dos donos?".
Eu gosto especialmente de gatos porque acho que eles têm um sexto sentido muito apurado. Conseguem sentir vibrações que nós, humanos, não conseguimos. O meu gato conseguia sempre distinguir as pessoas que costumavam frequentar a minha casa. Apesar de ser um "borradito"que ao menor barulho corria a esconder se(o melhor esconderijo dele foi debaixo de um armário), conseguia aperceber se do íntimo das pessoas que iam a minha casa. Dos meus verdadeiros amigos ele nunca fugiu, se fugiu foi nos primeiros minutos, para depois se vir roçar nas pernas e deixar que lhe fizessem festas. Aos outros, nunca lhes deixou por a mão em cima. É estranho, mas é verdade.
Ja estou tão habituada á companhia dele que estranho imenso o facto de chegar a casa e não ter ninguém que eu saiba que está á minha espera. De lhe passar as mãos no pêlo e lhe dizer que ele era o mais lindo dos gatinhos. Eu sabia que não era, mas sabem como é?Quem ama o feio, bonito lhe pareçe, e o meu gato, apesar de ser um bocadito desdentado, para mim era o "mister gato".Também, ninguém é perfeito!!! Á custa de não ter muitos dentes(alguma desgraça que lhe aconteceu antes de conhecer o paraíso da minha casa) engasgava se muitas vezes com a comida.
Não conto das malandrices que ele fazia, porque se errar é humano fazer asneiras é um dom dos animais, e muitas vezes sei que não o fazia por mal.Era instintivo.
Não consigo entender quem diz que os animais não têm alma. A meu ver, têm. Quem nunca reparou no olhar triste de um cão de rua, ou no olhar de brincadeira de um cachorro, ou no olhar melancolico e pacífico de certos animais?Trazem a alma estampada no olhar.São como as pessoas e têm raciocínio e compreensão de muita coisa, que ás vezes nos escapa. O meu Kiki tinha um olhar meigo, um tanto ou quanto traquinas quando estava voltado para a brincadeira. Era fácil gostar se dele. Até o meu namorado, que era averso a gatos, ele conseguiu conquistar!!! Claro que quando ele não estava, o meu gato era o senhor e rei do território mas a partir do momento em que o meu namorado entrasse em casa,acaba va se o domínio. Afinal, numa capoeira(mesmo só com uma galinha), só um galo pode cantar!
Se os gatos têm sete vidas, será que os meu já as gastou todas?! Duas ou três pelo menos que eu saiba ja deve ter perdido., fora aquelas que eu não sei.
Só espero que ele esteja bem ou que no mínimo não esteja a sofrer. Apesar de ser um animal, tenho lhe amor e carinho como se fosse uma pessoa, um amigo íntimo e especial. Esta é a melhor homenagem que lhe posso prestar, já que nada mais posso fazer. Esta é a homenagem ao meu Kiki.